sábado, 17 de outubro de 2009

O Começo de Nada


Tudo começou naquela festa. Sem planos, sem pensamentos, sem idéias, sem vontades, sem esperanças.
A idéia inicial era apenas nos divertir e assim estava sendo, até que o dono da casa chega e acaba (pensa ele) com a nossa alegria. Mas não necessitávamos de uma casa para nos divertir, existiam calçadas e nós tínhamos a bebida. E foi depois de muito divertimento, quando todos decidiram ir embora e fomos levar a primeira em casa foi que algo inesperado acontece: "o carro parou por quê?" Ao que alguém, depois de verificar, diz: "acabou a gasolina!"
Naquele tempo frio e naquela chuva chata a única coisa que nos restou foi esperar. Ela atrás, eu na frente e ele ao meu lado. Depois de tanta bagunça, nada mais normal era do que o cansaço do dia, deitei no colo dele. Relaxei. Nunca um carinho foi tão bem vindo como naquele momento. Decidi abrir o olho depois de algum tempo e vi que outro par de olhos me encarava. Um olhar misterioso que ao mesmo tempo em que não mostrava nada, me fazia ver tudo. Um olhar que cada vez chegava mais próximo de mim, me levando a sensações que eu não esperava naquele dia, naquele momento e ainda menos com aquela pessoa. Cada vez mais próximo, sem piscar, ao que percebi que eu também não conseguia fazê-lo. De repente os olhos se fecham ao encontro das bocas: um beijo inesperado.
Nunca um pensamento trabalhou tão rápido consigo:

- "O que está acontecendo aqui? Ai meu Deus! Como...? Mas isso... não pode ser! Não posso fazer isso, ele é meu amigo. E depois? Como fica?"
- "Não fica!"
- "Como assim não fica? Já caí nessa uma vez, não quero cair de novo. Não quero quase perder outra amizade assim"
- "Isso! Não faça nada! Pare agora! Ainda há tempo!"
- "Agora? Isso! Boa idéia! Melhor não arriscar."


Ao que as bocas se separam, os olhos mais uma vez fitados um no outro e ouço:
- "Sempre quis fazer isso..."

(Em pensamento)
- "Perdi"

Hoje em dia, depois de muito tempo e de tantas histórias envolta das mesmas pessoas, quando perguntam "o que aconteceu entre vocês?" a única resposta dita: "Nada".
E o único pensamento: "Eu não sei..."

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